quarta-feira, dezembro 03, 2008

Câncer de Boca

O que é câncer?

Câncer é um nome dado a um conjunto de doenças que têm em comum o crescimento desordenado e descontrolado de células anormais, que invadem os tecidos e órgãos, podendo se espalhar para outras regiões do corpo.

Qual o tipo mais comum e quais as pessoas são mais atingidas pelo câncer de boca?
Na realidade, existem vários tipos de câncer de boca, porém o mais comum, representando cerca de 90% de todos os casos, é o chamado carcinoma de células escamosas, também conhecido como carcinoma epidermóide e carcinoma espinocelular. Este tipo de câncer de boca afeta mais freqüentemente homens acima de 40 anos de idade e se origina das células mais superficiais (epiteliais) que recobrem a boca. Portanto, pode ser facilmente identificado logo no início, se o paciente tiver o hábito fazer o auto-exame da boca e freqüentar seu dentista regularmente.

Quais os fatores de risco para o câncer de boca?

O principal fator de risco para o aparecimento do câncer de boca é o uso do tabaco. Toda a forma de tabaco, como o cigarro, o cachimbo, o charuto, o rapé, o cigarro de palha e o tabaco mascado, é maléfica à saúde. Dependendo do tipo e da quantidade utilizada, tabagistas apresentam cerca de 4 a 15 vezes mais chances de desenvolver o câncer de boca. O cachimbo e o charuto são os que mais provocam danos à mucosa da boca. O tabaco apresenta cerca de 4.700 substâncias tóxicas e, dentre estas, 60 apresentam ação carcinogênica (de causar câncer). Além destas substâncias tóxicas, a ação do calor desprendido pelo fumo aumenta a agressão à mucosa da boca. O consumo exagerado de bebidas alcoólicas é outro fator de risco, chegando a aumentar 9 vezes as chances do aparecimento do câncer de boca. Pessoas que fazem uso do tabaco e também são etilistas apresentam um risco muito maior de ter esta doença (cerca de 35 vezes mais chances).
Um outro fator de risco é o uso de próteses dentárias mal-adaptadas ou fraturadas e dentes fraturados ou com bordas cortantes que causam ulcerações (feridas) na boca. As úlceras, mesmo que durem pouco tempo, permitem o contato mais direto das substâncias do tabaco e do álcool que podem causar o câncer.
Deficiências nutricionais também são importantes para o aparecimento do câncer de boca. Uma dieta rica em gorduras, álcool ou pobre em proteínas, vitaminas (A, E, C, B2) e alguns minerais, como o cálcio e o selênio, é considerada um importante fator de risco.
A radiação solar também é um fator extremamente importante, especificamente no desenvolvimento do câncer de lábio.

Como se apresenta o câncer de boca?

Em estágios iniciais o câncer é indolor e a lesão é pequena, o que pode passar despercebido pelo paciente e pelo próprio cirurgião-dentista, se este não tiver o hábito de realizar o exame completo da boca em todos os pacientes, periodicamente.
O câncer de boca pode ter vários aspectos, como uma úlcera (ferida) que não cicatriza, uma mancha branca e/ou vermelha, uma mancha marrom e/ou negra (no caso específico de um tipo de câncer chamado melanoma) ou, ainda, um aumento de volume ("caroço", "bolinha"). Além disto, a presença de dor, de dificuldade na fala, na mastigação e na deglutição, emagrecimento acentuado e aumento dos linfonodos (íngua) no pescoço e debaixo da mandíbula podem ser sinais e sintomas de câncer de boca em estágio avançado.

Como se prevenir do câncer de boca?
Através de exames bucais periódicos feitos pelo seu cirurgião-dentista
Realizando o auto-exame da boca 1 vez por mês(Para saber como realizar o auto-exame da boca, Deixando de fumar
Evitando o consumo exagerado de bebidas alcoólicas
Fazendo uma dieta saudável
Eliminando fatores traumáticos na boca (dentes fraturados ou com cáries, restos dentários, próteses fraturadas ou mal adaptadas)
Protegendo-se da radiação solar (protetor solar nos lábios, chapéu de aba longa)


Por que fazer o auto-exame da boca?
O auto-exame é feito como uma forma de prevenção do câncer de boca, que é uma doença que tem cura se for diagnosticada em sua fase inicial. Além disto, existem inúmeras outras doenças que acometem esta região e que podem ser identificadas com este exame.

O que procurar no auto-exame da boca?
Mudanças de cor
Endurecimentos, caroços
Ulcerações (feridas)
Áreas dormentes
Sangramento
Como fazer o auto-exame da boca?
1. O auto-exame deve ser feito diante de um espelho e em um local bem iluminado. Faça uma boa higiene bucal. Os pacientes portadores de próteses dentárias devem retirá-las.

2. A pele do rosto e do pescoço devem ser examinadas (veja e apalpe) para observar se há alguma alteração que não havia sido notada anteriormente. Observe se há caroços ou áreas endurecidas.

3. Puxe o lábio inferior para baixo, expondo toda a mucosa (parte interna). Examine e apalpe todo o lábio. Faça o mesmo com o lábio superior.

4. Com a ponta do dedo indicador, afaste mucosa jugal (parte interna da bochecha) para examiná-la e apalpá-la. Faça isto no lado direito e esquerdo.

5. Examine e apalpe toda a gengiva superior e inferior.

6. Coloque a língua para fora e observe o seu dorso (parte de cima).

7. Coloque a língua para fora e puxe-a (com uma gaze) para a esquerda e observe a porção lateral da mesma. Repita o procedimento para o lado direito.

8. Coloque a ponta da língua no palato (céu da boca) e observe sua face ventral (parte inferior).

9. Ainda com a ponta da língua no palato (céu da boca), examine e apalpe o assoalho da boca com o dedo indicador. Coloque o dedo polegar por baixo do queixo para dar apoio.

10. Incline a cabeça para trás, abra a boca o máximo possível e examine o palato (céu da boca). Apalpe com o dedo indicador toda esta região. Em seguida, diga ÁÁÁ... e examine a orofaringe (garganta).





Se você encontrar alguma alteração, procure um estomatologista.

segunda-feira, dezembro 01, 2008

Xerostomia

Acupuntura é opção de tratamento barata e eficaz para a xerostomia

Aplicado após a radioterapia de cânceres de cabeça e pescoço, o método alternativo permite aumentar o fluxo de saliva em quem já sofre do problema e garantir menor redução na produção salivar em pacientes que passarão pelo tratamento oncológicoPessoas que sofrem de xerostomia ou secura bucal podem ter sua qualidade de vida aumentada com a acupuntura. O tratamento é eficaz tanto para amenizar o problema já existente quanto para prevenir um quadro mais grave desse efeito adverso, comum e freqüentemente irreversível, decorrente da radioterapia de cânceres de cabeça e pescoço (como na boca, faringe e região cervical). Em mestrado desenvolvido na Faculdade de Odontologia (FO) da USP, o cirurgião-dentista Fábio do Prado Florence Braga avaliou a eficácia clínica da terapia e desenvolveu um protocolo inédito para seu uso como método preventivo.
A xerostomia é causada pela radiação emitida nesse tipo de tratamento oncológico, que danifica as glândulas salivares, compromete o fluxo salivar e dá a sensação de boca seca. "Essa condição gera intenso desconforto e interfere no emocional e na qualidade de vida do paciente", afirma Braga. Sem a saliva, falar, mastigar e engolir torna-se mais difícil, e a boca fica desprotegida, podendo ocorrer infecções oportunistas, como cárie de rápida progressão e ardência bucal, entre outros efeitos secundários.
Existem diferentes métodos para solucionar tal problema, como a ingestão constante de água, a mastigação de balas ou chicletes sem açúcar para estimular as pequenas glândulas que sobreviveram à radiação. Há também o uso de substitutos de saliva ou drogas como a pilocarpina. "Apesar de trazerem resultados positivos, os tratamentos disponíveis são apenas paliativos e apresentam desvantagens como a curta duração, efeitos colaterais e alto custo, especialmente no caso dos medicamentos", alerta o pesquisador.
A acupuntura, ao contrário, é barata (cada agulha custa de R$0,10 a R$0,15 e são usadas de 10 a 20 unidades por sessão) e seus efeitos adversos são leves (como sonolência e pequenos hematomas) ou ausentes. "A possibilidade de sua aplicação surgiu do fato de já utilizá-la para outras enfermidades - como paralisia e falta de sensibilidade facial, síndrome de ardência bucal - que também não respondem satisfatoriamente aos métodos de tratamento convencionais", conta Braga.
AvaliaçãoO tratamento foi realizado de forma padronizada, duas vezes por semana, por um período de 20 minutos cada sessão, num total de 12 a 16 sessões. Foi medida a quantidade de saliva produzida e avaliou-se a percepção do paciente em relação à secura da boca por meio de questionários sobre hábitos do dia-a-dia, sensação de desconforto e grau de severidade da doença.
Participaram do estudo 24 pessoas (8 mulheres e 16 homens), com idade entre 44 e 82 anos - faixa etária em que a incidência de cânceres de cabeça e pescoço é maior -, atendidas na Clínica de Semiologia e no Centro de Atendimento a Pacientes Especiais (CAPE), ambos da FO, e também no Departamento de Cirurgia de Cabeça e Pescoço e Radioterapia do Instituto Brasileiro de Controle do Câncer (IBCC). Metade dos voluntários já apresentava xerostomia e formou o grupo curativo, que recebeu tratamento com acupuntura após o término da radioterapia. Seus dados, coletados antes de se iniciar o tratamento, compuseram o grupo controle - a base de comparação dos resultados. Os outros 12 pacientes formaram o grupo preventivo, que recebeu sessões de acupuntura antes e durante a radioterapia.
"Comparando-se o fluxo de saliva do grupo controle e do curativo, ou seja, antes e depois da acupuntura, houve um aumento de 142,2% na quantidade de saliva produzida e o paciente sentiu uma melhora de 192,4% nos sintomas", afirma o pesquisador. "O grupo preventivo, apesar de ter sofrido perda por conta da radioterapia, obteve salivação 498,2% melhor que o grupo controle. A percepção do paciente indicou que a redução do fluxo foi 209,8% menor". A ansiedade e os sintomas de depressão nos pacientes também foram diminuídos com o tratamento.
O pesquisador aponta que tanto o aumento do fluxo salivar como a redução dos sintomas foram estatisticamente significativos e o método preventivo alcançou resultados superiores ao curativo - que já é realizado com sucesso em outros países. "A acupuntura se mostrou eficaz e um importante método de tratamento da xerostomia, visto ter minimizado este efeito adverso severo, especialmente com o novo enfoque dado com o método preventivo, sugerindo a sua indicação nos centros oncológicos", conclui.


Agencia USP de Notícias
http://www.odontologia.com.br/noticias.asp?id=1159&ler=s&busca=s

Diagnóstico que começa pela boca

Fluidos orais podem sugerir quadros depressivos, diabete, anemia, cirrose, artrite e doenças auto-imunes

Muita ou pouca saliva? Ela está ralinha ou espessa? Responder a essas perguntas é uma forma de cuidar da saúde bucal e do corpo todo. Os fluidos orais, embora menosprezados por grande parte dos dentistas, podem sugerir quadros depressivos, diabete, anemia, cirrose, artrite e doenças auto-imunes. Apesar disso, apenas 7% dos profissionais consultados pela Sociedade Brasileira de Periodontologia (Sobrape) avaliam a saliva de seus pacientes. Esta é a conclusão de um estudo apresentado durante o 8º European Symposium on Saliva, na Holanda, pela periodontista Denise Falcão, mestre em ciências da saúde e pesquisadora da Universidade de Brasília. ''O teste de saliva é simples, leva uns 15 minutos. O problema é que vários dentistas não sabem aplicá-lo. Basta ter um medidor digital de PH, uma pipeta graduada, um timer e um espessímetro. Não é equipamento caro.'' Na opinião de Denise, a falta de informação entre os dentistas começa na sala de aula. ''Constatamos que 69% dos profissionais consultados nem sequer tiveram aula sobre saliva na faculdade. Mesmo assim, 73% deles disseram considerar a saliva importante para avaliar a saúde do paciente'', detalha Denise. Participaram do estudo da Sobrape 58 profissionais, recrutados em várias regiões do País. ''É preciso conscientizá-los de que a saliva é a primeira linha de defesa da boca, quando há alterações no fluxo a pessoa fica mais vulnerável a bactérias, infecções oportunistas e câncer bucal'', completa. A dentista explica que o volume de saliva pode fornecer pistas importantes sobre patologias, mas enfatiza a necessidade de exames complementares para um diagnóstico preciso. Este é o caso da síndrome de Sjögren, que tem caráter auto-imune e acomete sobretudo mulheres. ''Trata-se de uma destruição das glândulas lacrimais e salivares que podemos detectar pela escassez de saliva e lágrimas. Tenho vários casos nos quais o diagnóstico partiu de uma suspeita levantada pela saliva. A atuação conjunta entre dentista, reumatologista e oftalmologista é fundamental para um diagnóstico precoce, que nos possibilite melhorar a qualidade de vida das pessoas'', explica. Nos casos de alteração salivar, exames de sangue e as análises clínicas são boas alternativas para investigar suspeitas. ''Algumas vezes a falta de saliva não indica doença. Se há baixo consumo de alimentos fibrosos e pouca ingestão de água pode ocorrer uma atrofia das glândulas salivares. Na medida em que a população começa a consumir alimentos mais pastosos começam a existir alterações nas glândulas salivares'', esclarece. Consultora de estomatologia da Associação Brasileira de Odontologia (ABO) e doutora em odontologia pela Universidade de São Paulo (USP), Maria Carméli Sampaio garante que o fluxo de saliva pode interferir até mesmo nos processos digestivos. ''Uma quantidade adequada de saliva é essencial para que se tenha um bom processo digestivo e uma absorção adequada de nutrientes. Algumas vezes o paciente apresenta prisão de ventre e nem imagina que a origem desse problema pode estar na boca. Até mesmo o estresse exerce impacto sobre a saliva, diminuindo o seu volume'', explica. Maria Carméli diz que a saliva tem sido muito estudada pelos dentistas mas pouco usada como instrumento investigativo. ''Um procedimento importante que o dentista poderia fazer por meio da saliva é avaliar o índice de cárie, mas quase ninguém se preocupa com isso. Após concluído o tratamento dentário o ideal é que o paciente aguarde um mês e retorne ao dentista para fazer um teste e saber se está livre daquela bactéria ou se ainda há resquícios na cavidade bucal. Uma saliva mais grossa pode indicar, por exemplo, reação de leveduras, como é o caso da cândida, conhecida como sapinho. Não é à toa que na tradicional medicina chinesa o diagnóstico é dado após análise da língua e da saliva.''
Equipe AE

Fonte: Jornal Folha de Londrina - Pr (01/12/2008)